Amor Descartavel

Eu acabara de sentar na poltrona do cinema quando ela sentou-se ao meu lado...

Era loura com cabelos longos, amarrados fazendo um rabo-de-cavalo, deixando cair uma ou duas mechas sobre sua face, seus lindos olhos cor de mel eram realçados pelas lentes divergentes dos óculos, entregando sua miopia e num instante entendi que amava sua beleza...

Por uns bons 5 segundos observei ela e prestando tanta atenção quanto pude, usava uma calça roxa de cetim num estilo hippie dos anos 60 e uma camiseta branca florida, carregava uma daquelas bolsas jeans grandes e quadradas com uma grande margarida costurada enfeitando um bolso da mesma, vi o que acreditei ser um pingente com o símbolo da paz pendurado numa das pontas do zíper e noutro instante entendi que amava seu jeito de se vestir...

Durante o decorrer do filme olhei para ela umas três ou quatro vezes e percebi que ela assistia ao filme como uma criança pequena que escuta o pai contar sua estória favorita, estava sentada com os pés na poltrona abraçando seus joelhos de a boca entreaberta, tinha um brilho nos olhos que me remetia à um inocência que a tempos não via, naquele momento ela era uma devota do contador da estória em questão, presa por uma curiosidade sem tamanho, usando de uma atenção inabalável e num terceiro instante entendi que amava a criança dentro dela...

Hoje não penso mais nela mas naquele dia desde o momento em que ela se sentou ao meu lado ate o momento em que ela se levantou da poltrona eu a amei, amei de forma pura, de uma forma completa e sublime.

Por Alaise "batman" Pereira

Para refletir...

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos."

Fernando Pessoa

" ...é necessário ter coragem para chegar do outro lado do rio, e ter força para nadarmos contra a corenteza, sem que não esqueçamos das margens sódilas que nos seguraram e nos fortalecemos por muito e muito tempo, nossa familia, nós mesmo."

Alaise Pereira

F.C.

Quero te devorar, te consumir em fogo brando alucinado
Te amar, te morder, em ti me perder de desejo atordoado
Imperfeito encouraçado desbravar todas as suas curvas
Te explorar, caçar, esfaquear minha própria canvas

Maravilhoso novo mundo transpassar tuas montanhas gemias
Mergulhar em seus riachos subterrâneos de pedras encharcadas
Destrinchar teus temores e te fazer arder sem pudor
Desvendar os mistérios que guardas no teu calor

Cama, rede, rio, trama e lama são detalhes, são artifícios
Musicas, poesias, sonhos e carinhos são só desperdícios
Apenas desejos, amor sem cortejos e calor é que valem

Só assim posso fazer com que os padres e nobres se calem
Quero te exaurir, quero te abusar, quero te matar...
Preciso te exaurir, preciso te abusar, preciso te salvar...

Prisma

Eu sou um mergulho mortal de Morgana mirando milhares de milhas azuis...
Cantando contos-canções valores pisados, caminhos trilhados, amores passados...

Tu és um castelo murado em montanha cravado, telhado furado de alma furtado...
Pétala amassada, poesia calada, cobra ferida de honra perdida...

Nos somos um elefante empalhado, um brilho parado,um poema travado, um futuro roubado...

E no total... eu sou bom, você é mal, tu és homem, eu animal...