Amor Descartavel

Eu acabara de sentar na poltrona do cinema quando ela sentou-se ao meu lado...

Era loura com cabelos longos, amarrados fazendo um rabo-de-cavalo, deixando cair uma ou duas mechas sobre sua face, seus lindos olhos cor de mel eram realçados pelas lentes divergentes dos óculos, entregando sua miopia e num instante entendi que amava sua beleza...

Por uns bons 5 segundos observei ela e prestando tanta atenção quanto pude, usava uma calça roxa de cetim num estilo hippie dos anos 60 e uma camiseta branca florida, carregava uma daquelas bolsas jeans grandes e quadradas com uma grande margarida costurada enfeitando um bolso da mesma, vi o que acreditei ser um pingente com o símbolo da paz pendurado numa das pontas do zíper e noutro instante entendi que amava seu jeito de se vestir...

Durante o decorrer do filme olhei para ela umas três ou quatro vezes e percebi que ela assistia ao filme como uma criança pequena que escuta o pai contar sua estória favorita, estava sentada com os pés na poltrona abraçando seus joelhos de a boca entreaberta, tinha um brilho nos olhos que me remetia à um inocência que a tempos não via, naquele momento ela era uma devota do contador da estória em questão, presa por uma curiosidade sem tamanho, usando de uma atenção inabalável e num terceiro instante entendi que amava a criança dentro dela...

Hoje não penso mais nela mas naquele dia desde o momento em que ela se sentou ao meu lado ate o momento em que ela se levantou da poltrona eu a amei, amei de forma pura, de uma forma completa e sublime.